Sob o mote “O Câncer Infantojuvenil Existe de Verdade”, a iniciativa quer romper o preconceito e a negação sobre a doença, destacando a importância do diagnóstico precoce para ampliar as chances de cura.
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O câncer infantojuvenil é considerada a primeira causa de óbitos entre jovens de zero a 19 anos no Brasil. Em países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as chances de sobrevida chegam a 85%, enquanto no território brasileiro este índice alcança a média de 60%, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Com a finalidade de conscientizar a população, além de autoridades municipais, estaduais e federais sobre a importância do diagnóstico precoce mediante a percepção dos principais sinais e sintomas, a Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC) lança hoje, 01/07, a campanha “O Câncer Infantojuvenil Existe de Verdade”.
Idealizada pela agência Love for Web Marketing Digital, de Caxias do Sul, a campanha de caráter nacional e com o apoio nas redes sociais do Voluntariado do Banco do Brasil, utiliza personagens do imaginário infantil para mostrar a realidade dura e silenciosa da doença. De forma lúdica, a girafa motorista, o elefante cor de rosa e a zebra voadora passeiam por cenários urbanos, misturando-se ao cotidiano de pessoas comuns na tentativa de romper o preconceito e a negação existentes em torno do câncer infantojuvenil. A mensagem de que “comigo ou com meus filhos isto não vai acontecer” estampa peças publicitárias para o mobiliário urbano (afixadas nas paradas de ônibus), outdoors, busdoors, anúncios em jornais e revistas, cartazes, spots e roteiros de vídeos para a mídia eletrônica. A linguagem clara e o apelo visual dos personagens da fantasia infantil fazem contraponto a situações absolutamente normais, chamando a atenção para a gravidade do principal tema: o câncer infantil não é imaginação da criança.
“Diferente do adulto, raramente são detectados, no paciente infantojuvenil, fatores externos que estejam vinculados ao surgimento da doença. A sua origem está, na maioria das vezes, em células responsáveis pela formação dos diversos tecidos da criança na vida intrauterina. Como essas células têm alto grau de replicação, o câncer proveniente delas costuma ser mais agressivo e de evolução rápida. Porém, também responde melhor ao tratamento quimioterápico convencional, tendo maior chance de cura”, adverte a médica especialista em Hematologia e Oncologia, Teresa Cristina Cardoso Fonseca, que também preside a CONIACC. Nestes casos, o diagnóstico precoce, tratamentos com protocolos controlados e direcionados a hospitais adequados permitem a chance de cura superior a 70%. “Há uma falta generalizada de informações sobre os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil por parte dos pais, professores, escolas, profissionais e secretarias de saúde, unidades de atendimento e postos no Brasil. Não é justo que as chances de cura diminuam por falta de informação ou atendimento rápido em local especializado”, complementa Rocco Donadio, vice-presidente da CONIACC. A preocupação é legítima, uma vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima o surgimento de cerca de 403 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes, anualmente, e a cada três minutos uma criança morre vitimada pela doença. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer contabilizou 12,5 mil novos casos por ano, somente entre o biênio 2018-2019, e de acordo com estimativas, em torno de 3,8 mil crianças não conseguem sequer chegar ao tratamento, anualmente.
Quem é a CONIACC
Sem fins lucrativos e sediada em Brasília - DF, a Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC), foi fundada em 2008 e representa a união de forças de 47 instituições associadas, distribuídas de Norte a Sul do país, com o objetivo de acolher, amparar e assistir à criança e o adolescente com câncer, bem como suas famílias, sem distinção de sexo, cor ou religião.
A CONIACC também integra a Frente Parlamentar da Prevenção e Combate ao Câncer Infantil (FP), uma entidade civil, de interesse público, sem fins lucrativos de âmbito nacional, que tem a finalidade de aumentar os índices de cura da doença, criada pelo autor da lei, o deputado federal Bibo Nunes (PSL/RS). O parlamentar convidou instituições com representatividade na causa, a exemplo da CONIACC, para compor o Comitê Estratégico. Este comitê apoia a Frente Parlamentar com subsídios técnicos a fim de que seja oportunizado um debate sobre as principais necessidades desta causa, mobilizando a rede de instituições, casas de apoio e hospitais. Umas das conquistas foi a sanção presidencial à Lei 14.308/2022, publicada no Diário Oficial da União, em 09 de março, que instituiu a Política Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica do Brasil. “Há ainda um caminho árduo a percorrer. Quando a lei estiver implementada, haverá maior probabilidade de crianças receberem tratamento em centros oncológicos especializados, credenciados em conformidade às exigências do Ministério da Saúde. Alguns tipos de tumores serão mapeados geneticamente e poderão condicionar a um tratamento mais especifico, além de fornecer elementos para pesquisa. Os médicos pediatras passarão a ter informações técnicas sobre o câncer infantojuvenil, pois não é contemplada a cadeira de oncologia pediátrica na formação acadêmica”, enumera Rocco Donadio.
Pré-lançamento da campanha
A CONIACC promoveu um pré-lançamento on-line da campanha nacional “O Câncer Infantojuvenil Existe de Verdade”, dia 30 de junho, voltada às suas 47 associadas. Além de apresentar o mote e as peças gráficas que compõem a iniciativa, também contou com a palestra de Ricardo Guimarães, presidente da Thymus Consultorio, coautor do livro “Gestão Integrada dos Ativos Intangíveis”, fundador do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e presidente honorário do Instituto Akatu – Consumo Consciente. Na mesma ocasião, os participantes conheceram as ações do Setembro Dourado 2022, um dos principais projetos realizados anualmente pela CONIACC, em conjunto com suas filiadas, que objetiva conscientizar a população para a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. “É por meio da informação que podemos prover subsídios e reiterar nossa responsabilidade em contribuir na conscientização da sociedade quanto ao seu papel fiscalizador. A mudança só é efetiva com o comprometimento de todos”, entende Rocco Donadio, vice-presidente da CONIACC.